
É possível acabar com a pobreza? Como fazer com que os pobres deixem de ser pobres? Qual a relação entre economia e paz no mundo? Como adotar um conceito de empresa verdadeiramente social e fazer grandes mudanças no mundo?
Questões como essas são tratadas por Muhammad Yunus (economista, premio Nobel da Paz em 2006), no livro “um mundo sem pobreza”. O autor faz um retrospecto de sua experiência no Banco Grameen, que revolucionou as operações de crédito, difundindo mundialmente o conceito de microcrédito – financiamento de produção através de empréstimo de pequenos valores a pessoas pobres, que geralmente não conseguem atender aos pré-requisitos para conseguirem empréstimo junto às instituições bancárias usuais.
Yunus, professor de economia em Bangladesh, cansado de ensinar teoria econômica de primeiro mundo num país altamente pobre, e descontente com o baixo poder de contribuição destas teorias para solucionar problemas de fome e pobreza em seu país, resolveu extrapolar suas pesquisas para além-muros da universidade de Chittagong. Deparou-se com exemplos de compromisso e responsabilidade por parte de aldeãs produtoras de bancos de vime, que, para financiar sua produção, tomavam emprestado de agiotas pequenas quantias suficientes para a compra de matéria-prima que viabilizasse seus pequeninos negócios. O vime adquirido com os empréstimos era utilizado para a produção dos banquinhos, com a condição de que todos fossem vendidos ao agiota financiador, por preço estabelecido por ele.
Yunus entendeu, naquele oportunidade, que os pobres tornam-se dependentes deste tipo de agiotagem, dificultando seu crescimento e independência financeira. Assim, concluiu, o pobre nunca deixa de ser pobre. Naquele momento, tomado em parte por uma iniciativa de boa vontade, ele, professor, resolveu “financiar” a produção de 42 mulheres, num total de 27 dólares. Nasceu ali o Banco Grameen, uma das mais bem conceituadas operações de microcrédito no mundo.
O autor apresenta o conceito de empresa social como uma organização que emprega pessoas, produz bens e serviços, atendendo a seus clientes por um preço coerente com o seu objetivo, ou seja, não é filantropia, e que seja auto-sustentável. Além desta característica, a empresa social considera o ser humano em seus diferentes aspectos, solucionando problemas ambientais e sociais. Assim, foi a criação do conglomerado de empresas derivadas do Banco Grameen, tais como empresa de assistência à saúde, escolas para filhos de tomadores de empréstimo, telefonia celular, entre outros.
Neste livro, Yunus ilustra, a partir da experiência com o banco, como o conceito de empresa social pode ser utilizado para ajudar a resolver problemas de pobreza e fome. O projeto Grameen-Danone, fruto de uma provocação do presidente do grupo Danone por ocasião de sua participação num Congresso na França, revelou-se uma experiência inovadora de projeto bem articulado, onde são planejadas e colocadas em prática técnicas de planejamento e viabilização empresarial, envolvendo assuntos de marketing, logística, planejamento e operação de sistema produtivo, além de viabilização financeira. Até a logomarca da empresa foi criada com consulta através de pesquisa de mercado junto aos potenciais consumidores. Resolver problemas como “colher” para que as crianças pudessem usar para tomar o iogurte passou a constituir desafio para o pessoal de tecnologia da empresa recém-criada.
Mas e empresa social, diferentemente de filantropia, há que ser um negócio auto-sustentável, cuja característica de não gerar lucro não a exime de proporcionar o retorno pelo investimento. Lucro NÃO – retorno do investimento, inquestionavelmente SIM. Essa é uma das premissas do conceito de empresa social defendido no livro.
Concluindo, Yunus defende que boa parte dos problemas de fome e pobreza no mundo podem ser minimizados com a adoção do modelo apresentado. E defende que o prêmio Nobel da PAZ de 2006, conferido à sua pessoa e ao Banco Grameen, servem de estímulo a iniciativas econômicas como forma de resolver problemas de paz mundial. O autor enxerga um futuro otimista para países de baixa renda, com a disseminação de empreendimentos iguais ao Grameen-Danone, em que a pobreza será peça de museu.
Este e outros livros estão sendo apresentados, de forma didática e dinâmica, através do programa Leituras Conectivas – informações através do site www.leiturasconectivas.com.br.
Kléber
Gostaria de compartilhar com você , caso você não conheça, o Banco Pérola
http://www.bancoperola.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=47&Itemid=29
Um abraço
Flávia