
Um doutor deve ser alguém dedicado apenas à ciência e ficar com sua atuação restrita ao meio acadêmico? Por que alguém decide fazer doutorado na vida? Enfim, para que serve um doutor, além de dar aula e fazer pesquisa acadêmica?
Nota da editoria Holofote, da revista Veja (21/09/2011, no link http://www.usp.br/imprensa/?p=14153), anuncia que em outubro de 2011 a Universidade de São Paulo atingirá a marca de 100.000 mestres e doutores formados. O reitor da USP pretende iniciar uma discussão sobre a estrutura de mestrados e doutorados brasileiros, segundo ele “estagnada há mais de 40 anos”. A preocupação do reitor diz respeito ao fato de que poucos destes profissionais são contratados pela iniciativa privada ou estados. A grande maioria dirige-se à atuação na vida acadêmica.
Você sabe para que serve um “doutor”?
Para conduzir pesquisa, desenvolvendo e disseminando novos conhecimentos.
Isto posto, fico a pensar: por que uma empresa privada iria contratar um doutor?
Se a empresa limita-se a importar conhecimento de outros países ditos mais desenvolvidos, não precisa mesmo de realizar pesquisa e trabalhar com inovação.
Se, por outro lado, uma organização tem preocupação em inovar e desenvolver conhecimento novo, qualquer que seja o ramo de atuação, conduzir pesquisas deve fazer parte do dia a dia de seu negócio.
Infelizmente, temos no Brasil, poucos exemplos de organizações que fazem verdadeiramente inovação. Muitas se limitam a participar de feiras (algumas internacionais), e comprar tecnologia, e passam a produzir produtos e serviços apenas fazendo uso da tecnologia importada.
E ficamos a retirar recursos naturais de nosso vasto, amplo e rico solo, exportando matéria prima a “preço de banana”, e depois, comprando produtos feitos com aquela matéria prima muito mais valorizada, mas pagando um preço bem mais elevado.
Não acho que a solução seja fazer uma campanha para contratar doutores num passe de mágica, mas este quadro de distanciamento contribui, com certeza, para sermos um país que subutiliza seus recursos humanos e naturais.
Creio, porém, que o desenvolvimento do país passa por, e VAI, fazer uso de mais gente fazendo ciência, sobretudo “ciência aplicada”, resolvendo problemas de nossas organizações e sociedade, de modo geral.
Reflexões:
- de cada 10 doutores ou mestres que você conhece, quantos estão atuando na iniciativa privada ou serviço público, não associado a universidades?
- De cada 10 empresas privadas que você conhece quantas fazem verdadeiramente “inovação”?
- VOCÊ é um copião ou um inovador?
Concordo mas faço um contraponto. Até que ponto os doutores se preparam para o ambiente corporativo? Quantos já não fazem mestrado e doutorado para abraçar a causa acadêmica, não porque não têm oportunidades na empresas, mas porque fogem à “incerteza” do ambiente empresarial? Conheço alguns.
Abraço!