Orquestra servidora!

Você acha possível existir uma orquestra, com alguns dos mais refinados, reconhecidos e exímios instrumentistas do mundo, se colocando a serviço do público? Por que as relações entre maestro e músicos de uma orquestra consumam ser tão difíceis? Por que alguns artistas têm tanta dificuldade em se posicionarem de forma simples? Você tem alguma dificuldade em fazer uso da simplicidade?

Pois é isto que tivemos publicado na entrevista com a maestrina Marin Alsop, nova regente titular da Orquestra Sinfônica do estado de São Paulo (Osesp), publicada na revista Veja (14/3/2012).

A regente está assumindo a Oesp com a missão de restaurar o clima de normalidade na orquestra, ausentes desde a saída de um de seus antecessores, em 2009. Os regentes que o sucederam não foram felizes na tarefa de reconduzir a orquestra a patamares satisfatórios de desempenho musical e financeiro.

Tida como representante de uma corrente de pensamento que defende que o maestro, além de conduzir os músicos, deve integrá-los à comunidade, Marin cita o exemplo do programa “músicos enferrujados, implantado na Sinfônica de Baltimore, em que pessoas que já tivessem tocado instrumento um dia, tiveram a oportunidade de tocar junto à orquestra – um belo exemplo de simplicidade e cumplicidade!

Músicos que tocam em orquestras costumam, muitas vezes, ter uma postura arrogante, parecendo que tocam buscando muito mais ser aplaudidos do que proporcionar prazer e deleite à plateia – enfim, músicos ensimesmados!

Quando indagada sobre o papel do maestro, ela argumenta que o regente deve, junto com a orquestra, se colocar a serviço da música e do compositor, tentando reproduzir, em suas apresentações, aquilo que o compositor imaginou ao compor suas peças musicais.

Sobre “ser aceito como novo regente de uma orquestra”, a regente argumenta que “respeito não se impõe. Respeito adquire-se” – um belo exemplo do uso de capacidade de persuasão, em vez de uso da força do cargo!

Saber ouvir é apontado como uma outra habilidade que um maestro deve ter, quando defende que “é preciso conversar com os  músicos no ensaio, nos intervalos, e, verdadeiramente, ouví-los” – outra habilidade de líder que sabe servir!

O que temos aqui, neste breve relato das posições de Marin e do moderno jeito de tocar de uma orquestra?

Vemos algumas características de um líder servidor, como: saber ouvir, humildade, foco em servir à plateia e à comunidade, colocar-se a serviço da música e do compositor.

Quanto aos profissionais, parece haver uma certa tendência em estimular e reconhecer comportamentos como simplicidade, humildade, colocar-se a serviço do outro, renúncia, elementos primordiais do comportamento servidor.

Como cantou o Pato Fu, “quanto mais simplicidade, melhor o nascer do dia”

2 comentários sobre “Orquestra servidora!

  1. Gostaria de sugerir artigos e informações sobre feedback, ok Kleber?
    Lhe parabenizo pelo blog, muitas vezes recorro a ele para orientações.

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