Para ficar satisfeito, é necessário que o serviço seja excelente? Será mesmo necessário encantar o cliente? Até que ponto coisas simples não podem ser feitas de forma verdadeiramente excepcional?
Pois foi uma situação dessas que vivi, dias atrás, ao frequentar o restaurante Outback, em Porto Alegre.
Dizer que o atendimento naquele restaurante é bom não é novidade alguma. Falar bem de seus produtos, da inesquecível costela “Ribs on the Barbie”, ou da “Bloomin’ Onion”, a exclusiva cebola crocante, absurdamente, grandemente envolvente e deliciosa, seria chover no molhado. Por isto, rendo minhas homenagens à atendente do dia.
Não! Não pense que vou falar da beleza daquela gaúcha simpática e elegantemente vestida com o traje casual do restaurante. Embora até valesse a pena!
Também não pense que ela fez algo excepcional, que poderíamos chamar de surpreendente, excelente. O QUE ela fez foi “trivial”. Acontece que a maneira COMO ela agiu foi “ex-cep-ci-o-nal”.
Começa que, quando chegamos à mesa, mal nos sentamos e ela já se fez presente, fazendo a tradicional pergunta do Outback: “boa noite, sejam benvindos, já conhecem nosso restaurante?” Bom exemplo de presteza e empatia!
Embora três de nós já conhecêssemos o restaurante, um dos colegas estava indo lá pela primeira vez. Ela prontamente abaixou-se, mantendo os olhos na mesma altura dos olhos do cliente. Então, de forma atenta, objetiva, clara e segura, fez a tradicional apresentação do conceito, história, proposta de culinária, e sistema de atendimento. Belo exemplo de atenção, presteza, respeito, conhecimento e informação.
Em seguida, percebendo nossa hesitação na escolha dos pratos, sugeriu “quem sabe vocês escolhem algo para beber, e poderão selecionar os pedidos de forma mais confortável“? Belo exemplo de iniciativa, preparo e gerenciamento do comportamento do cliente.
Pedimos algo para beber, que não demorou muito a ser servido. Na ocasião em que ela trouxe a bebida, fez mais um comentário inusitado e inteligente, como “já se decidiram, ou preferem conversar mais um pouquinho“.
Fizemos algumas perguntas sobre os pratos, que foram respondidas com clareza, segurança e objetividade. A fala dela era sempre em claro e bom tom, além de sempre carregar uma palavrinha de humor ou descontração.
Passado um tempinho – suficiente para que discutíssemos nossas preferencias e definíssemos nossas opções, mas sem que tivéssemos que procurar ou chamar garçom, ela aparece e nos aborda de forma inteligente, educada, presteza e bem humorada:
“Já querem falar comigo?”
Eu, em tom de brincadeira, indaguei: “como é que você adivinhou?”. E ela respondeu que “estava por ali, de olho em vocês” – haja presteza!
Algum tempo depois, suficientemente longo para conversarmos, mas curto o bastante para que a primeira rodada de bebidas ainda não tivesse acabado, chega um segundo garçom, com a comida e a tradicional mesa de apoio. A garçonete logo chega com algum complemento dos pedidos efetuados.
E eu fiquei a pensar: é impressionante como, no Outback, este procedimento se repete: um segundo atendente traz a mesa de apoio e o prato principal, e o primeiro atendente em seguida chega com complementos e molho – certamente um processo mapeado e bem executado.
Durante o tempo em que ficamos usufruindo da excelente culinária, ela aparecia, sempre indagando se estávamos precisando ou desejando algo mais. Na hora do pedido da conta solicitada, já veio com a máquina de cartão de crédito, o que agilizou o encerramento do serviço.
Na despedida, como em todo o atendimento, agradeceu, cumprimentou com tranquilidade, segurança e nos desejou um tranquilo e agradável fim de noite.
E saímos, os quatro a conversar, por um bom tempo, como é importante, além de agradável, um atendimento feito com confiabilidade, presteza, empatia e simplicidade, mas acima de tudo, com algo diferente!
Como cantou Djavan, “por que fizeste sultão de mim, alegre menina?”
kleber
se em todos os locais o atendimento fosse igual, o Brasil seria outro
Sem dúvida um excelente exemplo de que para “encantar” o cliente não são necessárias ações mirabolantes, mas apenas e tão somente fazer o trivial, a partir de um processo bem mapeado e pessoal bem treinado (e, claro, bem selecionado). Ou seja, para “encantar” o cliente basta a boa e velha “mágica” da padronização associada a uma atitude pró-ativa e simpática!
Eu complementaria dizendo o seguinte: não há mistério em tratar bem o cliente, a empresa precisa “vender” – “expor” o que ela realmente o é, através da ponta de atendimento. Preocupar-se em levar o maior número de benefícios possíveis aos seus clientes, é atender suas expectativas e satisfazer suas necessidades. Isto é o que todo cliente almeja ao consumir um serviço ou comprar um produto. Desta forma, o modelo exposto no post do autor, retrata com perfeição esta conjugação de verbos. Como uma sinfonia onde os instrumentos tocam ao seu tempo e em seu compasso certo. Tudo sincronizadamente produzindo efeitos e resultados coletivos. Parece complicado, mas não o é, e, a fórmula chama-se: planejamento.
E planejar serviços, embora não seja tão óbvio, é, absolutamente, algo que fará grande diferença.
.. e é o que nos falta em todas as esferas Kleber, em alguns oportunidades o vemos em abundância nos EUA. Lá eles criam todo um ambiente de consumo planejado, que lhe salta aos olhos e amolece até o mais contido consumidor. O sistema de OutLet americano é um exemplo que o Brasil já deveria ter copiado para minimizar as diferenças regionais, utilizando as ZPE’s, por exemplo. Por que compramos em Miami, Orlando, etc… e não em Natal, Fortaleza, João Pessoa? O Brasil precisa desenvolver a cultura de “gostar de ganhar dinheiro”, como os americanos, para isto, usemos a massa que separa nossas orelhas.
Perfeito! Vale lembrar do (P) de planejamento do PDCA, que significa estabelecer os objetivos e sua metas e padronizar os processos para que seu resultado seja a meta alcançada…
Um único adendo: este atendimento não é privilégio gaúcho, aqui no RN há alguns restaurantes que usa este método, um deles poderia citar: CAMARÕES POTIGUAR, excepcional atendimento, só varia do gaúcho o prato: camarões e seus acompanhamentos. Fazem este mesmo modelo de atendimento.
Estou tendo o privilégio de assistir sua aula hj na ENE. Adorei o exemplo do Outback que em qualquer lugar que cheguemos somos tratados com a mesma cordialidade e credibilidade como colocou muito bem. Espero trocar muitas informações ao longo desses 3 dias.
Excelente narrativa!!