Você acha que a Copa do Mundo 2014 será um sucesso ou um fracasso? Concluída a copa, o mundo vai falar bem ou mal de nosso país? Vencedores no campo ou não, sairemos como vencedores na lembrança dos que nos visitarem ou nos assistirem?

Parece não restar dúvidas de que fazer a copa 2014 foi uma decisão polêmica, arriscada e provavelmente inoportuna, diante do gasto (em outro contexto poderia ser investimento) com algo que não parece ser, em absoluto, prioridade para as necessidades do povo brasileiro, sobretudo os mais necessitados ou menos favorecidos.

Por outro lado, a Copa está aí. Não tem mais volta. Faltam algumas semanas para seu início. Resta-nos a decisão de optar em mostrar ao mundo nosso lado bom, ou nosso lado ruim.

Está mais que escancarada nossa capacidade de planejamento e gestão, quando vemos:

• aeroportos entupidos de gente e aviões, gerando momentos caóticos aos usuários
• estradas em péssimas condições de tráfego
• estádios inacabados às vésperas do evento
• vias de acesso em péssimas condições
• hotéis em condições físicas nem sempre boas,o praticando preços abusivos, quase extorquindo seus clientes
• rede hospitalar à beira do colapso em situação normal, o que dirá com cidades lotadas de turistas
• serviço público que mal consegue atender à população brasileira
• E, como consequência de tudo isto e mais outros fatores, o povo nas ruas manifestando seu descontentamento com tudo isto que está aí.

Penso que podemos reclamar, espernear, e complicar ainda mais toda a situação, trabalhando para dar tudo errado, ou, quem sabe, sem querer passar a falsa impressão de que que vivemos no melhor dos mundos, mostrarmos também o nosso lado bom.

• Já que temos, e teremos, aeroportos entupidos de gente e aviões, gerando momentos caóticos aos usuários, penso ser possível contarmos com gente suficiente e hospitaleira, para receber os que chegam da melhor e mais acolhedora forma possível, causando uma excelente primeira impressão! E, quando o terminal congestionar, sirvamos água, café e carinho, estendendo a mão para que superem aquele momento inicial de desconforto. Uma espera em boa companhia pode ser melhor do que um atendimento pontual feito de maneira rude e seca!
• Já que temos, e não conseguiremos melhorar a tempo, estradas em péssimas condições de tráfego e sinalização, quem sabe possamos ao menos sinalizá-las, mostrando caminhos e direções, colocar gente em pontos oportunos e de maior fluxo para, com um senhor sorriso simpático sincero e solícito, ajudar àqueles que não dispuserem de sinalização suficiente, e, com bondade e boa vontade, amenizar as mazelas de uma viagem nem sempre agradável e segura!
• Já que temos, e não conseguiremos esconder, estádios inacabados durante a copa, possível quem sabe possamos espalhar calor humano nos arredores e dentro dos estádios, colorindo com alegria o cinza do concreto inconvenientemente aparente ou das ferragens indesejadamente presentes.
• Já que temos, e não parece ser possível construir ou melhorar vias de acesso a estádios, locais de concentração de pessoas, e até mesmo cidades, quem sabe, possamos abrir caminho no coração das pessoas para ajudarem os que nos visitam, cuidando da melhor forma possível para que vivenciem experiências boas, agradáveis, memoráveis e, quem seja, inesquecíveis!
• Já que temos tantos hotéis em condições físicas nem sempre boas, podemos e devemos ser coerentes com a qualidade do serviço que estamos entregando, e praticar preços condizentes. Afinal de contas, um evento como a Copa 2014 é uma tremenda oportunidade de mostrar um país que valha a pena visitar, e voltar tantas vezes quantas possíveis no futuro. Penso ser apropriado ganhar menos hoje, Iara ganhar mais amanhã e depois.
• Já que temos, e a está altura, é impossível e desumano reduzir a precariedade da rede hospitalar, quem sabe consigamos usar o lado humano do brasileiro para reduzir a dor e o desconforto de quem, eventualmente, em situação de indesejada necessidade de fazer uso de hospitais, compareça a alguma destas instituições.
• Já que temos, e por longo tempo teremos serviço público com o costumeiro baixo padrão de qualidade, que mal consegue atender à população brasileira, quem sabe consigamos identificar os serviços críticos em situações de eventos e aglomerações, e fazer um esforço concentrado para, pelo menos nestas situações críticas, termos resolutividade e paixão para resolver, ou, no mínimo, encaminhar aquele que nos procura a alguma local onde possa ser atendido, deixando, sempre, uma boa impressão.
• E, diante da alta possibilidade de contarmos com o povo nas ruas manifestando seu descontentamento, que isto seja feito de modo ordeiro, educado, e acima de tudo com o pelo exercício de cidadania, em respeito não somente aos visitantes, mas, e mais ainda, ao próprio povo brasileiro.

Parece que em todas as situações que aqui sugiro, está no ar um misto de improviso e jeitinho brasileiro, e é, de fato verdade. Já que não temos nossas melhor competência em planejamento, gestão e organização, nos valhamos de algo que temos de sobra: a capacidade e habilidade natural do brasileiro, ainda que muitas vezes, improvisada de servir.

Vejo uma grande oportunidade para o Brasil mostrar sua cara, através de sua gente, que parece ser uma de nossas melhore características, afinal, por onde andamos e passamos, costumamos ouvir que “Brazilian are very warm people!”

Dedico este artigo todos os brasileiros que amam este país e adoram servir!