No mundo dos negócios o que mais conta: qualidade, preço ou prazo? Na sua empresa/organização, o que vem em primeiro lugar: preço, prazo ou qualidade? Como cliente, o que você mais valoriza: um bom produto, um produto barato, ou a entrega, simplesmente?

Reflita sobre as seguintes situações:
Enquanto cliente…
- Você coloca a saúde de seu filho nas mãos de um profissional, médico por exemplo, privilegiando a qualidade do trabalho do médico, ou você escolhe o médico mais baratinho?
- Você coloca seu filho para estudar na escola mais baratinha, ou prefere uma escola que contribua, de fato, para o seu filho ter uma educação de qualidade?
- Quando você compra uma flanela para limpar o vidro do seu carro, você prioriza qualidade ou preço? E quando você precisa comprar uma peça que afeta a segurança de seu veículo, você compra a peça mais baratinha, ou a peça produzida pelo melhor fabricante?
- Se você precisa ir de um lugar a outro, o que mais conta é o horário de chegada, o conforto do transporte, ou o preço que você paga? Se você está apressado, vai escolher o transporte mais rápido, independente do preço. Se, numa outra situação, você quer viajar da maneira mais confortável possível, vai procurar o transporte melhor, mesmo que tenha que pagar mais caro. Mas se você não está preocupado com o tempo nem exige muito conforto, poderá optar pelo transporte mais barato.
Enquanto organização…
- Na sua empresa/organização, as compras privilegiam o fornecedor de melhor qualidade, ou o mais barato?
- Ainda que você trabalhe numa instituição pública brasileira, submetida à Lei 8.666, as especificações são feitas de modo claro e preciso, ou se faz uma especificação superficial e fica-se torcendo para que o fornecedor de menor preço tenha consciência sobre qualidade?
- Existe preocupação com a definição clara do que se faz, e do que se compra, ou qualidade é algo casual, aleatório? Como andam os índices de devolução ou reclamação de seus clientes? Como andam os índices de devolução ou reclamação para com seus fornecedores?
- Existe uma política clara de avaliação de desempenho de seus fornecedores?
A qualidade que você escolhe
As questões relacionadas servem de estímulo à reflexão sobre como você lida com estes três aspectos de nosso dia a dia, pessoal ou profissionalmente.
Existem situações claras onde a qualidade é algo que vem em primeiro lugar. Nestes casos, a sentença que intitula este artigo é bem verdade – uma verdade absoluta!
Existem outras situações onde você abre mão de ter o melhor serviço, ou o melhor produto. Nestes casos, a sentença que intitula este artigo é também verdade.
Afinal, quando você abre mão do melhor produto ou serviço, este é o padrão de qualidade que você estabelece para si. Qualidade não é, necessariamente, perfeição. Qualidade é o que você quer, ou precisa.
E somente você é capaz de, estabelecido o que você quer ou precisa, decidir o quanto você está disposto a pagar, e esperar.
- Se você quer o melhor computador, procure saber o que é o melhor computador, entender minimamente as especificações, encontrar as opções de marcas e modelos, e somente a partir daí, identificar opções de preço e prazo. Se tiver pressa, escolha a opção de compra mais rápida, ainda que pague um pouco mais caro. Se não tiver tanta pressa, escolha a opção de compra mais barata, ainda que leve um pouco mais tempo.
- Se você quer um bom computador, procure saber o que é um bom computador, entender minimamente as especificações, encontrar as opções de marcas e modelos, e somente a partir disto, identificar opções de preço e prazo.
- Se você quer o computador de menor preço, procure encontrar as opções de preço que lhe sejam adequadas. Depois, verifique marcas e modelos – isto será apenas um detalhe.
- Se você quer o computador mais rápido possível, provavelmente por que você está terminando uma tarefa e o seu computador teve uma pane, procure a primeira loja que encontrar, compre qualquer coisa parecida com um computador e retorne ao trabalho.
Veja que, nos quatro casos citados, a qualidade é a que você escolheu: o melhor produto, um bom produto, um produto qualquer que fosse barato, ou um computador que funcionasse!
E, como cada caso é um caso, negocie condições de pagamento e prazo que lhe sejam mais favoráveis. Sempre há possibilidade de fazer uma negociação que lhe seja mais adequada.
Em tempo: a frase que intitula este artigo não é de minha autoria. Diante da impossibilidade de identificar o seu autor, a utilizo neste artigo, pedindo a você, leitor, que se puder me ajudar a encontrar o autor, o faça. Ficarei muito grato!
Kleber, seu artigo está muito interessante. Mais uma vez você conseguiu mudar meus paradigmas.
Em minhas aulas sobre preço, tenho utilizado um artigo denominado “Nunca se negocia preço”, publicado há algum tempo na HSM.
Entendi que podemos negociar os demais atributos do preço, no qual está incluído o valor percebido. No entanto, o valor monetário jamais deveria ser negociado. Claro que essa visão tem um pouco de rigidez americana e os efeitos da tradução.
Na minha tímida visão de financista, acreditava que a qualidade poderia ser um dos itens negociáveis, confundindo-a com as especificações do produto.
Você pode me ajudar a compreender melhor isso?
Em linhas gerais, se não é recomendável mudar o preço (valor monetário), podemos sugerir outros produtos que melhor se adequem ao cliente? Se não podemos chamar as especificações de qualidade, como você recomenda que tratemos essas especificações para se adequar ao bolso do consumidor?
Gabriel, em primeiro lugar, agradeço pelo feedback. Mais agradecido ainda, fico por ter podido contribuir com sua compreensão sobre o assunto. Gosto de uma definição, que defende ser a “qualidade o melhor para certas especificações do cliente. Essas condições são: o verdadeiro uso do produto,me o preço de venda do produto (Feigenbaum, 1961). Uma outra forma de enxergar a qualidade é, conforme Juran, a Qualidade positiva e a qualidade negativa. Diz ele, que a qualidade negativa está relacionada à ocorrência de falhas, defeitos. Já a qualidade positiva está relacionada ao que conseguimos agregar de valor para o nosso cliente. Confesso que seu feedback me deixou motivado a escrever um outro artigo, explorando estes dois lados da qualidade. Farei em breve. Mais uma vez, obrigado pelo feedback